Paulo ensina-nos, em 1 Coríntios 14: 32, que há dois tipos de profetas, pois os espíritos dos profetas (desencarnados) estão sujeitos aos profetas (encarnados).  É que se o médium não der passividade (permissão) para o espírito manifestar-se, não acontece a comunicação do espírito que profetiza. E como João nos ensina em 1 João 4: 1, é necessário que examinemos os espíritos para sabermos se são bons ou maus, a fim de que não venhamos acreditar em falsos espíritos profetas (desencarnados). Ademais, os espíritos impuros (ainda não purificados) fazem questão de enganar as pessoas que consultem espíritos, como o faziam os necromantes, com objetivos materiais, o que não é  o verdadeiro espiritismo.

  O trabalho de Kardec foi muito importante, pois ele codificou (organizou cientificamente) os fenômenos espíritas, criando a ‘espiritologia’. O espiritismo não é, pois, necromancia no seu sentido pejorativo, já que é prática de receber os espíritos que querem manifestar-se espontaneamente.

 Ao dom da mediunidade Paulo chamou de dom espiritual do espírito santo da pessoa e não do Espírito Santo dogmático da Terceira Pessoa Trinitária, que respeitamos. Recomendamos ver esse assunto na Bíblia no seu texto e não no cabeçalho acima do texto, onde se lê erradamente ‘dons do Espírito Santo’, cabeçalho este que não faz parte do texto e que foi colocado pelos teólogos como se se tratasse de dons do Espírito Santo dogmático.

 O espírito que se manifesta não é, pois, o Espírito Santo dogmático, mas um espírito santo humano. “Não sabeis vós que vós sois santuário do Espírito Santo?”, no grego: ‘de um espírito santo’? (1 Coríntios 6: 19).

  A maioria dos cristãos crê que se manifesta o Espírito Santo dogmático. Mas como já vimos, em outras matérias, é um espírito santo ou bom. Inclusive, são Jerônimo, na “Vulgata Latina”, no princípio do século 5º, não diz ‘o Espírito Santo’, mas ‘um espírito bom’ (“spiritus bonus”). Mas muitos cristãos ainda pensam que todos os espíritos que se manifestam são maus, chamando-os de demoníacos. E aqui perguntamos a eles por que Deus permitiria que somente espíritos maus se manifestassem prejudicando-nos, enquanto que os bons que podem nos ajudar a evoluirmos, espiritualmente, não podem manifestar-se? Não seria esse Deus deles falso e mancomunado com os espíritos ainda impuros?

  São Pedro, no início de seus trabalhos apostólicos, achava que o Espírito Santo (um espírito santo ou alma boa) só se manifestava através dos já cristãos, isto é, já batizados. Mas na casa do centurião Cornélio, de Cesaréia, Pedro percebeu que estava enganado e disse que Deus não faz acepção de pessoas (Atos  10:34), podendo, pois, as pessoas não cristãs receberem também espíritos santos. E para Cornélio, que não era cristão, manifestou-se um homem (um espírito humano) com vestes resplandecentes (Atos 10: 30). E o próprio Jesus e os três apóstolos médiuns especiais Pedro, João e Tiago receberam, na Transfiguração, os espíritos de Moisés e Elias que tinham vivido, já havia muitos séculos, aqui n terra. Também Jesus e os apóstolos impunham as mãos sobre as pessoas dando-lhes passes. E mais, o espírito santo de Jesus manifestou-se aos apóstolos e discípulos e até se materializou para eles.

Ora, se Jesus e os apóstolos recebiam espíritos e davam passes, e se até o espírito santo de Jesus manifesta-se, é com muita honra e glória que nós espíritas fazemos o que eles nos ensinaram!