Passados mais de vinte séculos e ainda percebemos que a humanidade não compreende, de fato, quem é Jesus.

         Muito se fala dele; embates acontecem entre aqueles que imaginam conhecê-lo melhor que os outros, pelo simples fato de terem simplesmente decorado as passagens narradas nos Evangelhos.

         Conhecer Jesus vai muito mais além – é preciso compreendê-lo. E para essa compreensão é necessário debruçar-se sobre a sua mensagem; agregar novas informações que surgem a cada instante; observar a caminhada humana ao longo dos séculos; o comportamento dos seres humanos, suas ações e reações, e, principalmente analisar, refletir, raciocinar, estudar à luz da lógica dos fatos. E isto poucos fazem.

         É como se muitos se detivessem na observação de uma ou outra árvore, sem compreender que o Mestre é uma infinita e maravilhosa floresta, comportando infinitas árvores, e dessa forma fica impossível ter-se uma visão mais ampla da sua mensagem.

         Procurando analisar mais amplamente a expressão de Jesus narrada por João, em seu capítulo 14, versículo 6, encontraremos:

“Eu sou o caminho” = devemos nos reportar ao que foi escrito pelos evangelistas, mas sem nos esquecermos que suas verdades estão sendo trazidas a cada novo instante, uma vez que ele mesmo nos prometeu a vinda do Consolador. O complemento e a atualização desse caminho que ele nos deixa, também não fica restrito às atividades encontradas dentro de nossa Doutrina. O Cristo não é propriedade deste ou daquele segmento religioso – ele atende a todos nós, indistintamente.

         Encontramos, então, a ampliação desse caminho bendito, que se alarga ininterruptamente, dentro de todo e qualquer lugar onde exista a boa vontade, o amor, a preocupação com o próximo.

         Assim, entender Jesus é uma tarefa que não mais terá fim, pois ele nos fala, nos ensina, nos alerta, trazendo novas lições a cada novo momento.

“Eu sou a verdade” = a que verdade ele se referiu? Alguma verdade preestabelecida e colocada em uma prateleira de supermercado aguardando que alguém a compre?

         A verdade não se compra, não se herda, não se transfere. A verdade se constrói, e sua construção nos pede base de entendimento para que aconteça.

         A exemplo da construção de um edifício, é necessário que se faça a planta da edificação; cálculos diversos, inclusive quanto à quantidade de material; preparação do terreno; contratação da equipe; definição quanto ao acabamento, etc., a construção da verdade nos pede muitos estudos e reflexões, calcados sobre o melhor de todos os “caminhos” – aquele mostrado por Jesus.

         Esse “caminho” é que nos fornece a possibilidade da construção de uma “verdade” que não desmoronará nunca, eis que feita dentro do correto entendimento de tudo aquilo que podemos extrair de sua mensagem.

         Essa construção individual da “verdade” fica clara ao recordarmos que Jesus, indagado sobre ela por Pilatos, nada pôde responder; aquele governante romano nada sabia a seu respeito, pois nada havia edificado dentro de si mesmo, apoiado nesse “caminho” chamado Jesus.

         Assim, se o “caminho” se alarga, se complementa, se esclarece a cada nova oportunidade, a construção da “verdade” também não pode sofrer solução de continuidade, visto que não pode nunca parar.

         A possibilidade de um entendimento cada vez mais completo a respeito do conteúdo das parábolas do Mestre, é uma demonstração da nossa capacidade de ampliar esse “caminho” e construir uma nova e mais robusta “verdade”.

         Em resumo: um “caminho” cada vez mais amplo, alargado, bonito; uma “verdade” cada vez maior, mais sólida.

“Eu sou a vida” = há dois mil anos muitos se aproximaram do Mestre. Buscavam um abraço, a oportunidade de uma palavra, um simples toque. Após a orientação, ao se retirarem da presença maravilhosa de Jesus, recebiam a advertência: “Fazei isto e vivereis”.

         Contudo aquelas pessoas estavam vivas! À frente de Jesus, respiravam, riam ou choravam, falavam com ele! O que será que o Mestre queria lhes dizer?

         A vida não se restringe à existência material, e suas necessidades. Normalmente o homem lhe dá maior atenção, esquecendo-se da mais importante existência – a do Espírito.

         E quanto a isto Jesus já havia dito: – Juntai os tesouros dos céus; aquele que a ferrugem não consome, que a traça não rói, que o ladrão não rouba.”

         Resumidamente, podemos entender que nessa alerta que o Mestre fazia, ele dizia:

         – Conheça o “CAMINHO“; estude, raciocine, pense e viva com intensidade tudo isso; construa, então, a sua “VERDADE“, pautada em tudo aquilo que eu falo, e não cesse essa construção, que lhe trará, a cada novo momento, uma “verdade” maior, mais bela, mais sólida. Feito isto, você encontrará a verdadeira felicidade, e descobrirá a “VIDA” das vidas – a do Espírito.

         Finalizando, entendemos que o Reino dos Céus, ou seja, “o estar com o Pai”, se consegue compreendendo cada vez mais os ensinamentos de Jesus – “O CAMINHO“; colocando-os em prática no nosso cotidiano – “A VERDADE“; e vivendo de forma produtiva, serena, amorosa, sempre servindo – A VIDA“.