Recentemente em projeto levado adiante pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, constatou-se que cresce o número de jovens ateus, chegando a cerca de 30% de indivíduos que não acreditam no divino. Já o IBGE de 2010 aponta que a curva de crescimento de pessoas que não creem no mundo extra-físico, em alguns casos cresce mais do que a ascensão daqueles que se declaram evangélicos, grupo religioso que apresenta a maior taxa de crescimento de suas fileiras de fiéis.

Já o artigo publicado pela revista especializada Evolutionary Psychological Science, aponta que as pessoas ateias são no geral mais inteligentes que as que se declaram crentes em Deus, o artigo leva a assinatura do Instituto Ulster para a Pesquisa Social do Reino Unido e da Universidade de Roterdã da Holanda. De outro lado, embora o Cristianismo ainda é a corrente de pensamento religioso que no mundo tem a maior parte de adeptos, estudiosos apontam que nas próximas décadas o número de muçulmanos pode ultrapassar o número de cristãos.

O que estaria acontecendo e que pode explicar essa fuga de crentes e a ascensão das criaturas que seguem o Islã?

Embora não se conheça pesquisas que apontam os motivos da queda de religiosos jovens, pode-se aventar que uma forte possibilidade dessa diminuição de deve a alguns fatores:

A castração empreendida por algumas religiões que teimam em se manter a margem dos avanços da ciência, e que por conseguinte demonizam o sexo;

A discriminação da homossexualidade em contrapartida a um movimento que prega o respeito as diferenças;

E, entendemos como mais forte fator, a falta de respostas racionais que apresentam os religiosos frente aos enigmas existenciais humanos.

De outro lado, o ser humano do século XXI é instado a conviver com uma comunicação de massas que o impulsiona ao consumismo, a busca da fama, a vivência do sexo pelo sexo, e a busca do prazer material. Imagine-se como é difícil a concorrência entre o que se encontra descrito no Sermão das Bem Aventuranças e o que pregam as redes sociais. O célebre discurso proferido pelo Mestre dos Mestres aponta para uma posição diametralmente oposta a que é encontrada nas plataformas digitais. Ali se encontram as festas regadas a bebidas alcoólicas, as viagens realizadas em paraísos turísticos, as declarações de amor entre utópicas “almas-gêmeas”, a aquisição de um carro novo, de um celular de última geração, em suma: ter, ter e ter… Tudo uma quase que completa contrariedade ao exposto no Sermão do Monte. John Stott, pastor anglicano, teólogo e escritor britânico respeitado mundialmente, afirma que a essência do Sermão da Montanha foi o apelo de Cristo aos seus seguidores para serem diferentes de todos os demais. “Não sejam iguais a eles”, disse Jesus (Mt 6.8). Segundo o pastor o reino de Jesus proclamou uma espécie de contracultura, exibindo um conjunto de valores e padrões distintos daqueles que majoritariamente são os valores e padrões buscados pela sociedade.

Em síntese Jesus fala das bem aventuranças daqueles que buscam o reino espiritual em detrimento ao reino da matéria. Quem quer que se debruce em estudar as entrelinhas do discurso messiânico percebe que em absoluto Jesus recomenda que não se viva as alegrias do mundo terreno, mas sim que haja temperança nas escolhas da vida e no gozo material.

Quem quer que almeje encontrar sabedoria no discurso de Jesus, não a alcançará com respostas dogmáticas. O ser humano do século XXI caminha para não aceitar mais respostas do tipo “É assim, porque está na Bíblia, no alcorão, ou em algum livro dito mediúnico”.

Lembremos o que se deu entre Judas e o Mestre. O discípulo havia convivido por pelo menos três anos com o Rabi da Galileia, certamente se surpreendeu com uma infinidade de discursos, exorcismos, curas de toda ordem, protagonizadas por Jesus. Tenho pra mim que Judas e outros discípulos, criam que o Cristo era uma espécie de super-herói e que uma vez levado a frente dos tribunais e cortes romanas depositaria todo o seu poder contra o império e em consequência libertaria os hebreus da tirania de roma. Entretanto, qual não fora a surpresa e a decepção de Judas quando Jesus levado a frente de Pilatos e instado a falar sobre sua realeza disse a frase que fez estremecer para sempre os materialistas da Terra “Meu Reino Não é Deste Mundo”.

Mas, como podemos, enquanto pais, educadores e evangelizadores falar com nossos jovens a cerca da vida espiritual? Como dizer-lhes que haverá decepções na Terra e que embora em primeira instância tais acontecimentos lhes imponha sofrimento material, adiante haverá o gozo espiritual?

A resposta embora pareça de difícil compreensão é demasiadamente simples. A resposta é o amor, e o exemplo. Amor do adulto que dedica-se com afinco a tornar melhor, mais saudável e mais espiritualizada a vida do jovem que lhe é caro. Amor de anular-se para dar um instante de atenção ao ser juvenil. Amor de falar a ele sobre o Cristo e os grandes pacifistas da Terra. Não falo aqui de uma tentativa de catequese, mas de exemplo constante da prática do bem e no desprendimento das coisas terrenas que podem ser evitadas. Não creio sinceramente que levar o filho à Igreja ou ao Centro Espírita semanalmente empreste a este uma visão afinada a cerca da vida e obra de Nosso Senhor. É preciso antes verificar quem são os evangelizadores, os sacerdotes… São pessoas que falam das maravilhas espirituais no linguajar juvenil? Ou são doutrinadores com discurso empolado? São pessoas que vivem o mundo e sabem vencer as tentações, ou são pessoas que na fala apresentam um discurso e no exemplo, outro diametralmente oposto. É preciso, no meu entendimento, dar inclusive o exemplo de espiritualidade. Quem somos enquanto pais, educadores ou evangelizadores? Somos alguém em busca do reino indagado por Pilatos, ou fazemos todo o possível para alcançar o Reino de Nosso Senhor, vivendo como pessoas do Século XXI?

Afinal há aqueles religiosos fanáticos que fazem de tudo para manter o filho o mais longe possível de Nosso Senhor. Envolvem os jovens de seus convívios em cerimônias religiosas longas e exaustivas. Falam de proibições e castrações que em nada tem a ver com Cristianismo e em cujo a ciência e a filosofia já catalogaram como pouco ou nada pedagógicas.

Jovem espiritualizado é aquele que sabe viver o mundo material sem qualquer tipo de culpa e por outro lado, sabe o papel que lhe cabe na sua transformação pessoal. O mundo está cheio de fanatismo e até agora não chegamos a qualquer lugar razoável com esta conduta.

Você quer de fato que seu jovem seja espiritualizado? Espiritualize-se e seja um farol a apontar a direção do Cristo para aqueles que a providência divina colocou sob sua responsabilidade. Jovem espiritualizado vive a espiritualidade sem deixar de viver o mundo material: namora, dança, passeia, faz sexo, vai ao cinema, em suma, vive o mundo, sem deixar-se contaminar por ele. Jovem espiritualizado pode até demorar a compreender o Sermão das Bem Aventuranças, mas uma simples fala de Nosso Senhor encontrada em Mateus: 5;16, pode demonstrar a força do que deseja Jesus à toda a humanidade e é claro à juventude. “Que Brilhe a Vossa Luz!!!”