Ninguém jamais viu a Deus: o Filho unigênito*, que está no seio do Pai, este o deu a conhecer. João1:18.

Esta informação contida no Evangelho de João deveria ser suficiente para não existir nenhuma dúvida de que Jesus não é Deus. Além do fato de que não existe nos evangelhos afirmação da parte de Jesus que se possa concluir que ele é Deus.

*O termo unigênito no Novo Testamento significa Filho Único. Para Deus, Cristo é o “unigênito”, o único que participa, desde toda a eternidade passada, da natureza divina.

No entanto, ainda não está bem claro entre os cristãos a questão que se refere ao fato de Jesus, ser ou não ser, Deus. Esta dúvida foi criada através dos tempos e dos fatos que sucederam à passagem de Jesus entre nós. As determinações criadas e aprovadas nos diversos concílios realizados pela igreja católica romana foi um fator de muita importância para criar a ideia de que Jesus é Deus.

Não temos muitas informações históricas sobre Jesus, a não ser a dos Evangelhos. Neles encontramos informações básicas que depois foram ignoradas pelos pais da igreja e, sobretudo, pelos concílios, que criaram a divindade de Jesus e a Trindade.

Assim, demonstraremos com base nos Evangelhos que Jesus nunca falou que era Deus, pelo contrário, ele sempre demonstrou ser alguém que seguia Deus e O colocava muito acima d’Ele.

Primeiramente, expomos o texto do Deuteronômio 6:4 conhecido pelos judeus como “SHEMÁ ISRAEL” – OUVE OH! ISRAEL.

O texto afirma, no original, que Deus é Único, o que por si já derruba a questão da trindade criada pelos concílios. Por isso não podemos confundir Jesus com Deus. Já afirmamos: Jesus é um, Deus é outro. São seres distintos e inconfundíveis. Foram os concílios que, baseados em indicações de Paulo, conferiram a Jesus o título de Deus, como veremos adiante.

ד יהוה אלהינו יהוה ישראל שמע -este é o texto do Deuteronômio 6:4 que traduzido significa: “Ouve oh Israel, IAHVEH É NOSSO ELOHIM, IAHVEH É ÚNICO.

Vejamos, agora, algumas informações dos Evangelhos, comprovando o que estamos afirmando: (Marcos 10: 17 e 18) “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” Jesus respondeu: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão só Deus. Jesus separou claramente, aqui, Ele próprio de Deus, transferindo toda bondade referida a Ele, para Deus.

Outra diferenciação importante entre Jesus e Deus se encontra na passagem de Mateus 20:20: Então a mãe dos filhos de Zebedeu, juntamente com seus filhos, dirigiu-se a ele, prostrando-se, para fazer-lhe um pedido. Ele perguntou: “Que queres?” Ao que ela respondeu: “Dize que estes meus dois filhos se assentem um à tua direita e o outro à tua esquerda, no teu Reino”. Jesus respondendo, disse: “Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que hei de beber?” Eles responderam: “Podemos”. Então lhes disse: “Sim, bebereis de meu cálice. Todavia, sentar-se à minha direita e à minha esquerda, não cabe a mim concedê-lo; mas é para aqueles aos quais meu Pai o destinou”.

Diante desta informação de Jesus, como podemos acreditar numa salvação gratuita e sem esforço? Será que os discípulos de Jesus não tinham nenhum privilégio por estarem com Ele? É claro que tinham, mas não uma salvação gratuita e sem esforço e perseverança no bem. É importante refletirmos sobre isto….

Mais uma diferenciação colocada por Jesus está em Mateus 24:36 e Marcos 13:32: “Daquele dia e da hora, ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas só o Pai.”

Em Mateus 26:39, Jesus faz mais uma revelação que o diferencia de Deus: “Meu pai se é possível afasta de mim este cálice. Contudo, não seja feito como eu quero, e sim como tu queres.”

No Evangelho de Lucas 23:46, Jesus reforça ainda esta diferença entre o Filho e o Pai, entre Ele, o Filho, e Deus, o Pai: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. Como Deus poderia entregar o seu espírito a Ele mesmo?

Finalmente no Evangelho de João 5:16 e 17, numa crítica por parte dos judeus sobre as coisas que Jesus fazia no sábado, Ele respondeu: “Meu Pai trabalha até agora e Eu também trabalho”.

Confira em João 16:28: “Vim do Pai e entrei no mundo; todavia, deixo o mundo e vou para o Pai”.

Acrescentamos, portanto, que na declaração do capítulo 17, do Evangelho de João, Jesus faz a separação entre Ele e Deus a quem chama de Pai.

O apóstolo, Paulo, contribuiu bastante, através dos conceitos registrados em suas cartas para que os seguidores do cristianismo adotassem a crença de Paulo de uma forma literal, aceitando o princípio de que Jesus é Deus. Depois foram os concílios que adotaram de vez este conceito.

Vamos analisar, na sequência deste texto, o que estamos afirmando.

Paulo ensinou que Jesus era um ser celestial divino preexistente, criado como primogênito de toda a criação divina. Existia sob a forma de Deus e era igual a Deus. Veja o que ele afirma na sua carta aos Colossenses 1:15 e 16: “Ele é a Imagem do Deus invisível, o Primogênito de toda criatura, porque nele foram criadas todas as coisas, nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis: Tronos, Soberanias, Principados, Autoridades, tudo foi criado por ele e para ele.” Col. 1:15 e 16.

Aos Filipenses 2:6, Paulo é enfático ao afirmar: “Ele estando na forma de Deus não usou de seu direito de ser tratado como um deus, mas se despojou, tomando a forma de escravo. Tornando-se semelhante aos homens e reconhecido em seu aspecto como um homem abaixou-se, tornando-se obediente até a morte, à morte sobre uma cruz.”

Paulo foi ainda mais longe quando forçou os conceitos das passagens bíblicas dos profetas referentes ao “Senhor Deus” de Israel, como se fossem conceitos referentes a Jesus.

Acompanhe o que Deus declara pelo profeta Isaías 45:22 e 23: “Voltai-vos para mim e sereis salvos, todos os confins da terra, porque eu sou Deus e não há nenhum outro! Este texto reforça o que está escrito no Deuteronômio 6:4.

Na sequência, Deus fala pelo profeta afirmando: “Eu juro por mim mesmo, o que sai da minha boca é a verdade, uma palavra que não voltará atrás: Com efeito, diante de mim se dobrará todo o joelho, toda língua jurará por mim.”

Paulo cita, em sua carta aos Filipenses 2:10 e 11, este mesmo versículo de Isaías, porém mudando a referência a Deus para o Senhor Jesus como Cristo. Confira: “Por isso Deus soberanamente o elevou e lhe conferiu o nome que está acima de todo nome a fim de que ao nome de Jesus todo joelho se dobre nos céus, sobre a terra e debaixo da terra e que toda língua proclame que o Senhor é Jesus Cristo”.

O Concílio de Nicéia no ano 325, por exemplo, estabeleceu a divindade de Jesus e oficializou o princípio da Trindade já existente na Didaqué. A Didaqué é conhecida como o “Ensinamento dos Apóstolos”, uma espécie de catecismo criado pelos apóstolos para orientação dos primeiros cristãos.

O II Concílio de Constantinopla em 533 d. C. estabeleceu o monofisismo e aboliu a Préexistência da alma, a reencarnação e destruiu o origenismo.

A partir daí, a maioria dos cristãos aceitou seguir Paulo e os concílios católicos, sem observar o que Jesus falara nos Evangelhos.

JP/ PB, 05/05/2020