MEDIUNIDADE, DOM DE DEUS

Severino Celestino da Silva  

Todo aquele que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium. (cap. 14 item 159-livro dos médiuns).

Os portadores de  faculdade mediúnica passaram por várias denominações através da história, assim é que entre os babilônios, os que a possuíam se chamavam NABAA, entre os hebreus era NAVI, entre os grego PROFETES e finalmente no século XIX, com a codificação da Doutrina Espírita, Kardec  chamou os portadores  desta faculdade, de MEDIUM, palavra derivada do   latim, INTERMEDIUM. O conceito geral é que todos os intermediários entre o mundo material e o mundo espiritual são denominados, atualmente, de MEDIUNS.

O livro dos médiuns, no seu capítulo 31 item 11, das Dissertações Espíritas, nos informa que o dom da mediunidade é tão antigo quanto o planeta Terra. Os mistérios de Elêusis, na Grécia, se realizavam através da mediunidade. Os Caldeus e os Assírios tinham seus médiuns. Sócrates era dirigido por um Espírito que lhe inspirava os admiráveis princípios de sua filosofia. Todos os povos tiveram seus médiuns e as inspirações de Joana d’Arc não eram mais do que as vozes dos Espíritos benfazejos que a dirigiam.

Diante disto, vamos analisar os fatos relacionados, com a mediunidade através da história e a importância do seu exercício, segundo a prática do Evangelho de Jesus. O primeiro homem, se considerarmos Adão, como o primeiro, já possuía mediunidade.

A mediunidade está presente em todos os seres humanos, independente de religião, cor, gênero, idade etc.  Assim, encontramos médiuns em todos os lugares do planeta. Os fatos marcantes da história trazem registros que nos apontam os grandes médiuns da história. Iniciamos com o primeiro e grande médium, de quem os registros apontam sua história no capítulo 12 do livro do Gênesis. Este primeiro grande médium foi o caldeu Abraão, que ouvindo, através de sua mediunidade auditiva, uma voz do alto, deixa sua terra e vai em missão espiritual, em busca da terra de Canaã prometida por Deus.

Através desta faculdade bendita, o homem pode entrar em sintonia com a espiritualidade superior e receber as mais belas lições e orientações de que necessita para evoluir e chegar a ter um reencontro com Deus.

Encontramos no livro do profeta Joel (um grande médium) no capítulo 3:1 e 2, a informação de que a mediunidade vem de Deus para todos: “Depois disto derramarei o meu espírito sobre toda a carne. Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos anciãos terão sonhos, vossos jovens terão visões. Mesmo sobre os servos e as servas, naqueles dias, derramarei o meu espírito”.

A confirmação e o acontecimento da realização desta profecia, se encontra narrada no livro de Atos 2:1-21, no famoso fenômeno vivido pelos apóstolos reunidos no Cenáculo, em Jerusalém.

Jesus escolhe os seus discípulos e como narrado no capítulo 10 do Evangelho de Mateus, os aconselha a serem vigilantes na prática do bem atendendo a todos com solidariedade e fraternidade, dando de graça o que de graça receberam. 

“Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, conduzi os espíritos sofredores. De graça recebestes, de graça daí”. Mt. 10:8. 

A mediunidade gratuita é o primeiro e o mais importante aconselhamento de Jesus  na prática deste dom. Ninguém pode cobrar por aquilo que não lhe pertence, se veio de Deus e veio gratuitamente, portanto, ninguém ficará impune se usufruir em benefício próprio desta faculdade tão sublime, que Deus nos concede para servirmos  de instrumentos do bem para aqueles que sofrem.

Ai daquele que se utiliza indevidamente e em benefício próprio de sua faculdade mediúnica, será uma vítima fatal de sua falta de vigilância. Colherá, com certeza, os frutos amargos   de sua insensatez.

Vigiar e orar deve ser sempre dois pontos importantes a serem considerados por aqueles que exercem a pura e sublime missão da mediunidade.

Paulo de Tarso fala em sua carta aos Coríntios, capítulo 12, das diversidades dos dons mediúnicos e que Deus realiza em tudo e em todos.

O Evangelho de Jesus representa a fonte cristalina, fria e doce que o médium dispõe para beber, na prática do exercício da sua mediunidade. Não existe Espiritismo sem Evangelho e nem existe mediunidade sublime e séria, sem Jesus.

Os grandes médiuns da humanidade tinham exatamente esta consciência na prática de suas missões espirituais.

Paulo de Tarso falava que não era ele que vivia, mas o Cristo que vivia nele.

Francisco de Assis foi um médium que teve toda sua vida voltada para a prática de um Evangelho cristalino, puro e cheio de Amor, que provinha da sua sintonia com o Cristo. Sua dedicação aos doentes e aos pobres tinham como fonte o Evangelho de Jesus.

Chico Xavier, nosso exemplo maior, dedicou toda sua vida na prática de uma mediunidade concentrada no atendimento aos doentes, pobres e sofredores, estimulada e alimentada pelo Amor que Jesus lhe inspirava.

O papa Francisco, Madre Teresa de Calcutá e irmã Dulce da Bahia, são exemplos católicos ressaltados entre os já citados médiuns, e que servem de espelho para todos nós, na prática da mediunidade à luz do Evangelho de Jesus.

A mediunidade com Jesus deve ser o objetivo de todos nós. Ela exige de todos humildade, caridade e prática de obras que dignifiquem a nossa tarefa mediúnica dentro do Espiritismo cristão.

Emmanuel nos norteia na obra “O Consolador”, item 389, que devemos compreender que a mediunidade só existe pelo concurso dos Espíritos. “Os atributos da mediunidade são como os talentos do Evangelho. Se o patrimônio divino é desviado de seus fins, o mau servo torna-se indigno da confiança do Senhor da Seara da verdade e do amor.”  E acrescenta que: “Multiplicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos divinas; todavia, se sofrem o insulto do egoísmo, do orgulho, da vaidade ou da exploração inferior, podem deixar o intermediário do invisível, entre as sombras pesadas do estacionamento, nas mais dolorosas perspectivas de expiação, em vista do acréscimo de seus débitos irrefletidos”.

Concluímos nossas reflexões  sobre a mediunidade, com as belas e profundas palavras de Emmanuel (o Consolador, item 382), quando afirma que: “sendo a mediunidade a luz que brilha na carne, é atributo do espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena, enriquecendo todos os seus valores no capítulo da virtude e da inteligência, sempre que se encontre ligada aos princípios evangélicos na sua trajetória pela face do mundo”.

Precisamos refletir sobre tudo que Jesus plantou em nós, através da bendita faculdade mediúnica que nos foi doada como bênçãos para o nosso crescimento espiritual. Não percamos tempo, nem esta maravilhosa oportunidade. Ela é dom de Deus, através do Cristo. Ela é única e indispensável neste momento que precisamos tanto ofertar o nosso testemunho de amor na prática de tão nobre e sublime faculdade.    Estejamos sempre alerta como nos aconselha Jesus.

Não sejamos como as virgens imprudentes da parábola. Mantenhamos acesa as chamas da nossa lâmpada para a prática da mediunidade com Jesus.

Muita paz.

BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA DE JERUSALÉM-Edições Paulinas, São Paulo, 1980.

KARDEC. A. -Livro dos Mediuns-Editora da FEB, 54ª edição Brasília, 1987.

SILVA. S. C.- Analisando as Traduções Bíblicas-Editora Ideia, 13ª edição, João Pessoa, 2017.

XAVIER. F.C. -O Consolador pelo Espírito Emmanuel- Editora da FEB, Brasília, 2018