O homem erra moralmente, ou seja, ele comete pecados, pois Deus o criou com duas características especiais: inteligência para distinguir o bem do mal, e com livre-arbítrio para escolher livremente o que ele quiser fazer tanto o bem como o mal.

À primeira vista, parece que Deus coopera conosco para fazermos o bem, o que é bom, mas também, parece que Ele seria culpado pelos males ou pecados que cometemos, pois, como já dissemos, Ele é que nos dotou de inteligência e livre-arbítrio.

Mas não é nada disso. Se nós temos liberdade para fazer tanto o bem como o mal, nós é que somos responsáveis pelo que fizermos. Somos até responsáveis, também, pelo bem que deixamos de fazer, quando o podemos fazer. A Igreja até tem uma prece interessante no início das missas, e que, por ser um exemplo do que estamos dizendo, vamos citá-la aqui. Ela é mais ou menos assim: Ó Deus, perdoai as nossas faltas cometidas por pensamentos, palavras, ações e omissões. Nessa prece, estão em resumo todos os tipos de faltas que podemos cometer. E destaco principalmente a de omissões, pois, de fato, até quando não
fazemos nada, podemos estar pecando. Quantas vezes, temos oportunidade de fazer o bem, e não o fazemos. Quando surge, pois, uma chance de praticarmos uma boa ação, e a deixamos passar, nós, pela omissão, criamos carma negativo para nós, conforme a citada lei de causa e efeito.

Essa prece da missa retrata bem o nosso lado negativo dessa lei de causa e efeito que, realmente, está muito presente em nossa vida. Ela é um dos ensinos mais conhecidos da Bíblia e de outras escrituras sagradas. Quem nunca ouviu falar que nós colhemos o que semeamos? E essa lei é inexorável. De fato, ninguém escapa da colheita do que semeou. E, na nossa vida prática, infelizmente, mais praticamos ações más do que boas. É claro que, geralmente, não se trata de pecados graves ou criminosos, mas que prejudicam a nossa caminhada evolutiva espiritual. Mas temos oportunidades frequentes de regeneração. Como
diz a Bíblia, cairá o justo sete vezes, mas se levantará. (Provérbios 24: 16). E Jesus nos ensinou coisas semelhantes: quem chamar seu irmão de raça (bobo, tolo), é condenado às penas do inferno. (São Mateus 5: 22). Mas isso quer dizer também que o inferno não é assim tão medonho como o descreveu Dante na sua “Divina Comédia”, e como ainda o veem nossos irmãos evangélicos. Hoje, o inferno está mais para o Purgatório da Igreja, que não é sempiterno ou para sempre. Aliás, nem o Purgatório existe mais para a maioria dos católicos.
E, ainda, referindo-nos à importância dessa lei de causa e efeito, o excelso Mestre disse que até um copo d’água que dermos a uma pessoa será recompensado. (São Mateus 10: 42).

Deus nos ama com um amor infinito. E Ele é onisciente, sabendo, pois, ao mesmo tempo, o presente, o passado e o futuro. Logo, Ele não criaria jamais nenhum de seus filhos com inteligência e livre-arbítrio, se esses atributos nossos pudessem ser causa de nossa condenação à tortura do inferno sempiterno de Dante, na sua “Divina Comédia”. Sim, isso não pode ser verdade nem sequer para apenas um só de seus filhos, pois, se assim fosse, seria falso o ensino cristão de que Deus é amor e nosso Pai!

PS: Palestra minha sobre o aborto, em 4-10-2018, às 20h, no centro espírita “Grupo Luzes da
Alma”, Rua 22, no 607, Gávea II, Vespasiano (MG).
Contato: Sérgio Carvalhais (31) 9 8804-6451.