Na simplicidade das parábolas de Jesus encontramos um manancial de ensinamentos nem sempre compreendido pelos homens.

A menor dessas parábolas, a do FERMENTO, que diz: “O Reino dos Céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até ficar tudo levedado”, nos leva a conclusões simplesmente fascinantes.

Contrariamente ao que muitos imaginam, o “Reino dos Céus” não se trata de um lugar específico, demarcado, criado com o fim de receber os eleitos. Ele vai se instalando no coração na medida em que o homem busca se melhorar e isto somente acontecerá, quando decide compreender o sentido da mensagem do Mestre.

E encontrando esse sentido, resta-lhe coloca-lo em prática em sua vida e, fatalmente, crescerá. É aí que se depara com a figura do “fermento”, utilizada por Jesus na parábola.

Colocado esse fermento-entendimento em seu interior, ou seja, misturado “com três medidas de farinha”, pode-se interpretar como uma aceitação total em sua vida, visto que o encarnado tem três aspectos – o espírito, o perispírito e o corpo físico.

Se a busca é levedar a massa para que se obtenha o pão, imprescindível pensar em outros detalhes da operação. É preciso que se adicione o líquido para que a massa possa entrar em processo de crescimento e esse líquido pode ser entendido como o transpirar em busca das melhores realizações.

Quem não se dedica com afinco e não oferece seus melhores esforços na realização do bem a que se propôs fazer, não é digno do trabalho que julga executar. Lembremos a frase de Jesus, que diz: “Aquele que põe a mão na charrua e olha para trás não é digno do trabalho”.

Buscando a compreensão total da parábola do Mestre, recordemos que nenhuma busca de entendimentos novos se instala em nós de forma imediata e os ensinamentos de Jesus não seriam a exceção. É preciso tempo para digerir todo o aprendizado e perceber que ele nos convém; caso contrário, poderíamos estar nos entregando simplesmente ao fanatismo, tão comum entre os vários segmentos religiosos.

Assim, esse tempo necessário para que se compreenda a mensagem se assemelha ao tempo dado para o “descanso” da massa, que levedará em seguida. Por analogia, recordemos que assim aconteceu com Paulo de Tarso ao receber os ensinamentos de Jesus, passados a ele por Gamaliel.

Seguindo pela parábola do Mestre veremos que a massa, agora levedada, será levada ao calor do forno, que pode muito bem ser entendido como as enormes dificuldades pela qual o homem passa: – as dores, as incompreensões, o desprezo, por seguir um roteiro que difere do caminhar de muitos.

Perseverando na tarefa que lhe cabe, e que busca para o auto aprimoramento espiritual, verá que, após a etapa do forno, se compreenderá como pão abençoado, capaz de saciar a própria fome e a de seus semelhantes.

E partido em fatias – que podemos entender como um sacrifício individual, o homem estará em condições de fazer a mais bela tarefa em favor do próximo: a CARIDADE.

Adilson Ferreira