No nosso nível atual de evolução no planeta Terra, somos espíritos ainda bem imperfeitos. Mas Deus, mesmo antes de nos criar, já sabia que, às vezes, pecaríamos até quando não fizéssemos nada, e mesmo até quando fizéssemos o bem.

  Mas ainda bem que os pecados são contrários às leis de Deus, mas não é Ele que sofre com eles, mas o nosso próximo e, por consequência, nós os autores deles. “Se pecas, que mal lhe causas tu? Se tuas transgressões se multiplicam, que lhe fazes?”(Jó 35: 6). De fato, Deus jamais nos criaria para sermos dor de cabeça para Ele. Aliás, se Ele sofresse, com nossas faltas – o que não é o caso –, Ele seria o ser mais infeliz. E nossos pecados podem ser pagos também com boas ações: “Uma boa ação encobre multidão de pecados.” (1 Pedro 4: 8). E, com as reencarnações, nunca nos faltará tempo para a prática das boas ações.

  Mas por que podemos pecar mesmo quando fazemos o bem? São Paulo dá exemplos. Entre outros, este: “Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé ao ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.” (1 Coríntios 13: 2). É também muito conhecido o ensino de Santo Agostinho: de que o o pecado ou o mal é ausência de amor. É também a ideia que Paulo deixa clara no seu texto acima citado quando ele diz: ‘Nada serei’, mesmo sendo eu possuidor (praticante) de dons e virtudes especiais e da ciência de todos os mistérios. Realmente, para Paulo e Santo Agostinho, naquilo em que falta amor, há o mal, o pecado. E esse pecado seria de omissão, isto é, de ausência de amor.

  E vejamos exemplos de pecado de omissão ou de ausência de amor na rotina de nossa vida prática. Se um enfermeiro aplica uma injeção em um paciente hospitalizado, na hora certa, mesmo esse enfermeiro estando ganhando o seu salário para cumprir as suas obrigações profissionais, ele está, sem dúvida, fazendo um bem. Mas se ele faz isso sem amor ou sem caridade para com o paciente, tratando-o de um modo pouco cortês, ele está cometendo uma falta. E essa falta do enfermeiro pode ser  um pecadinho que a Igreja classifica como pecado venial, ou até um pecado mortal, se a falta contra o paciente for grave. Felizmente, essa falta grave, de um modo geral, é rara. E o pecado mortal para a Igreja tem o significado de ser mortal para o espírito, mas mortal metafisicamente falando e não de morte real do espírito que é imortal. Isso lembra o que o Mestre da Terra disse ao jovem que queria segui-lo, mas esse jovem lhe pediu para, primeiro, cuidar do sepultamento de seu pai, e quando Jesus lhe disse que deixasse que os mortos enterrassem seu pai. (São Mateus 8: 22).  É claro que Jesus se referiu aos mortos metafísicos e não físicos ou enterrados nos cemitérios. E os mortos metafísicos são os que estão afastados da sintonia de Deus por um ou mais pecados mortais.

  Os teosofistas, os esotéricos, os ocultistas e outros falam que estamos no ‘fio da navalha’. E, com essa expressão, eles querem dizer que nós vivemos como que andando num fio de navalha, tanto podendo cair para o lado do bem ou magia branca, como para o lado do mal que eles chamam de magia negra.

  Realmente, é difícil ficarmos sem pecar. Mas consolemo-nos, pois como diz o conhecido Emmanuel (espírito mentor de Chico Xavier): “O amor de Deus supera a justiça Dele.”

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