Uma das passagens mais belas do evangelho, esta que fala da Samaritana e Jesus. E a paisagem em que se achava o nosso mestre, era das mais lindas de toda a Palestina.

O Poço de Jacó – Este é o ponto central onde ocorre o encontro de Jesus com a Samaritana. Jesus vinha de Jerusalém, para a Galileia, ao norte do país. Jesus chega, com seus discípulos, ao poço que há muitos séculos, Jacó tinha dado a José, seu filho.

Jesus e a Mulher Samaritana no Poço de Jacó.

História de Samaria  Os Judeus e os Samaritanos estavam envolvidos em uma disputa secular de ódio, preconceito e discriminação. Este conflito remonta do episódio após a morte do rei Salomão, quando aconteceu a revolta das tribos de Israel, conhecido como Cisma. O reino foi dividido em duas partes: o reino de Judá, mais ao sul sob o comando de Roboão (filho de Salomão), e o reino de Israel, ao norte comandado por Jeroboão.

Diversas crises políticas e religiosas acabam levando à decadência dos dois reinos. O reino de Israel é destruído pelos assírios, enquanto o reino de Judá é destruído pelos babilônios. Após a volta da Babilônia, estabeleceu-se esta separação odiosa entre Judeus e Samaritanos. A hostilidade era tanta que um Judeu, a caminho da Galileia, não passava por Samaria.

O caminho natural para a Galileia, que Jesus e seus discípulos fariam, seria pelo vale do Jordão, mais ventilado e seguro, ainda que Jesus julgava necessário passar por Samaria. Era por volta de meio-dia, quando o Mestre inicia o diálogo com a mulher samaritana. Interessante constatar que, ao meio-dia, não era o horário normal de retirar água do poço de Jacó, naquela região. O clima quente e seco, o sol no esplendor de sua força, fazia com que as mulheres buscassem água em outra hora.

A Mulher Samaritana veio em uma hora em que as outras estariam preparando o almoço, cuidando de suas famílias, podendo assim evitá-las. Ela sofria preconceito por ser mulher, discriminação dos Judeus por ser samaritana e dentro da própria comunidade, por ser considerada uma pecadora imoral. A Mulher Samaritana só não sabia que aquele, quem falava com ela, não discriminava a ninguém e nem fazia acepção de pessoas. E Jesus estava ali, oferecendo da água viva.

 

Quando Jesus oferece da “água viva”, Ele falava do que é espiritual, entretanto a mulher samaritana, ainda sem compreender, pensava na materialidade das palavras. “Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva?” João 4:11. Água viva que a samaritana conhecia era aquela que estava no mais profundo do poço, que era tirada diretamente da fonte.

“Qualquer um que beber desta água tornará a ter sede; mas aquele que beber da água que eu lhe der, nunca terá sede, porque a água que eu lhe der, se fará nele uma fonte de água, que salte para a vida eterna”. João 4:13-14

Disse-lhe a mulher: “Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede e não venha aqui tirá-la”. João 4:15. A samaritana, novamente, pensa no material e pensa na comodidade. Era cômodo não precisar mais voltar a retirar água do poço. Mas o grande Mestre não estava a anunciar um evangelho de comodidades materiais e passageiras. Jesus pregava o verdadeiro e único evangelho, a fonte que jorra para a vida eterna.

Jesus completa, então, com a revelação da vida que a mulher samaritana levava. Queria mostrar a ela, que Ele tinha a água para saciar a sede que ela possuía. Sede esta que a fez procurar saciar-se em vários relacionamentos fracassados. Era uma busca que nem ela mesmo tinha consciência. De homem em homem, procurando aliviar essa sede. Esta busca terminou no dia em que encontrou com o mestre e pode beber da verdadeira água viva.

A samaritana voltou à cidade com sua fonte interior cheia, completa, saciada, jorrando água viva. Não pode se conter e anunciou aos homens que conhecia. Eles foram imediatamente ter com Jesus. E creram e, também, saciaram a sua sede de salvação.

Agora, os Samaritanos não dependiam mais de templo, monte, ou lugar algum, porque “os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais, que assim o adorem”. João 4:23.

 

Jesus, que havia mudado o caminho por onde passaria, fez um grande esforço andando muito, por amor de uma única alma. E, através dessa alma desprezada e pecadora, ganhou uma cidade inteira.

 

“Não dizeis vós que ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Eis que eu vos digo: Levantai os vossos olhos e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa”. João 4:35

 

Diferente da cultura do milho, que levava quatro meses do plantio até a colheita, o mestre nos avisa que já é o tempo da ceifa.

ARQUEOLOGIA

Poço de Jacó em 2013

O poço de Jacó está a 800 metros ao sul de Sicar, na estrada alta de Jerusalém, onde o caminho faz uma curva para entrar no vale situado entre o monte Gerizim e o monte Ebal.

Está situado perto da tumba de José, no terreno adquirido por Jacó, e é um dos lugares mais autênticos de todas as terras bíblicas. Os samaritanos, os judeus, os cristãos e os muçulmanos o veneram como o poço que Jacó cavou e a beira do qual Jesus se sentou quando conversou com a mulher samaritana que tinha vindo tirar água. A tradição samaritana remonta-se a mais de 23 séculos, e está refletida no comentário que a mulher samaritana fez a Jesus: “o nosso pai Jacó… nos deu este poço” (Jo 4.12). A tradição cristã data do ano 333, quando o Peregrino de Bordeaux visitou o poço. Aqui foi construída uma igreja cristã no século quarto. Os cruzados encontraram a igreja em ruínas e a reedificaram, mas esta foi destruída durante o século doze e suas ruínas jazem como um montão de pedras pardas sobre o poço.

Em 1838, Robinson achou a entrada da boca do poço e, ao medi-lo, descobriu que tinha uma profundidade de 32 metros. Em 1881 o doutor C. A. Barclay realizou escavações em redor do poço, descobrindo escombros que tinham caído, ou haviam sido lançados nele, e haviam reduzido sua profundidade a só 20 metros. Mais tarde, limparam o poço até o fundo (32 metros), mas devido aos muitos turistas que empurravam ou lançavam pedras no poço, a fim de escutar quanto tempo à pedra demorava para chegar na água, sua profundidade foi reduzida, pouco a pouco, até chegar a 23 metros. Por essa época, a Igreja Ortodoxa Grega adquiriu o lugar e, depois de muitos anos, concluiu a construção de uma igreja sobre o local.

A antiga borda do poço está a muitos metros abaixo do nível atual e mostram profundas fendas que foram produzidas pelas cordas com as quais puxavam os odres ou as vasilhas de água. O poço mede 2,3 metros de circunferência. Sua parte superior está revestida com obra de alvenaria, mas sua parte inferior foi cavada na pedra calcária. A água é fria e refrescante, já que o poço é profundo e não é só uma cisterna, mas um manancial, ou seja, alimenta-se tanto de água da superfície, como de uma fonte subterrânea.

As memórias evocadas pelo poço nos transportam na história, a épocas passadas de cenas pastorais e de costumes patriarcais. Também nos recorda o início do ministério de Jesus, quando nesse poço do lado do caminho ele revelou sua natureza divina à admirada samaritana e onde pronunciou a profunda verdade que permanecerá através de todos os tempos: mas aquele que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede. Deveras, a água que eu lhe der, se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna” (Jo 4.14).